Três formas de aumentar a produção de leite e reduzir a pegada de carbono

2021-11-01

Autor:  Dr.  Saheed  Salami

No setor do leite implementar soluções de sucesso que "matem dois coelhos de uma cajadada só” requer inovação e recolha de dados. Encontrar formas de reduzir a pegada de carbono nas explorações leiteiras, mantendo simultaneamente uma produção de leite elevada, é uma dessas situações.

É importante compreender que a produção de lacticínios está em crescimento. Alguns dados úteis  fornecidos pelo IFCN (organismo internacional especializado em informação sobre o setor leiteiro)  mostram que a produção mundial de leite deverá aumentar 35%, entre 2017 e 2030. Este nível de crescimento é promissor, mas implica muitos desafios e levanta questões sobre a nossa capacidade de produzir mais com menos recursos, adotando práticas que respeitem o ambiente. Além disso, tudo isto tem de ser conseguido, continuando o esforço de comunicação com o consumidor e aumentando a transparência sobre a forma como o leite é produzido.

A questão principal é: podemos reduzir a pegada de carbono do leite, melhorando simultaneamente a nossa produção e rentabilidade?

Os gases com efeito de estufa são há vários anos uma preocupação dos consumidores e, atualmente, o tema que está a despertar a atenção dos produtores de leite em todo o mundo, à medida que surge nova legislação e iniciativas nesta área. Para conseguir uma redução das emissões, temos de procurar formas de otimizar a produção, nomeadamente através da nutrição dos animais, que tem um papel muito relevante como parte da solução.

Os produtores de leite podem utilizar soluções nutricionais como instrumentos para reduzir as emissões de metano das vacas leiteiras, mas as tecnologias que permitam obter benefícios ambientais não podem comprometer o desempenho dos animais, pois isso significaria ter de aumentar o efetivo para satisfazer a procura crescente de alimentos. Antes de procurar implementar qualquer uma destas soluções, os produtores de leite terão de medir a sua pegada de carbono.

1ª ferramenta: Alltech E-CO2

Para reduzirmos com sucesso as nossas emissões de gases com efeito de estufa, temos primeiro de saber de onde provêm essas emissões. Os serviços analíticos, como o Alltech E-CO2, identificam e quantificam os pontos críticos através de uma avaliação ambiental acreditada. Nos últimos 10 anos e após a realização de mais de 10.000 avaliações, a Alltech E-CO2  concluiu que as duas maiores fontes de emissões nas explorações leiteiras são as emissões entéricas (ou seja, o metano proveniente do rúmen) e o uso das rações. Juntas, estas duas fontes contribuem para mais de 60% do total das emissões nas explorações leiteiras. Estas fontes dizem respeito à saúde do rúmen e à capacidade de um animal otimizar o uso dos alimentos que ingere. Ao garantir que temos vacas saudáveis e produtivas, melhoramos a eficiência produtiva, permitindo ao mesmo tempo que a energia seja utilizada para a produção de leite e para a manutenção regular do corpo do animal, ao invés de ser desperdiçada no combate a doenças. Este tipo de informação é fundamental para identificar soluções específicas que irão melhorar as nossas estratégias de mitigação do metano.

Para reduzir a pegada de carbono de uma exploração agropecuária temos de considerar o equilíbrio das emissões em toda a exploração e não devemos focar-nos apenas na emissão de um gás numa determinada área. Observar o ciclo de vida é uma forma de o fazer, e trata-se de identificar oportunidades para reduzir o desperdício e melhorar a eficiência das explorações agropecuárias, o que se traduzirá em mais dinheiro para o produtor.

Saiba mais sobre a Alltech E-CO2 aqui.

Continue a ler este artigo para saber mais sobre duas soluções nutricionais que atuam em áreas onde é possível fazer melhorias, conforme identificado pela Alltech E-CO2.

2ª ferramenta: Optigen®

Optigen é um suplemento alimentar que contribui para a eficiência da produção e para a sustentabilidade. Este produto resulta de muitos anos de investigação, com sólidos resultados comprovados pela Ciência. Optigen, uma fonte concentrada de azoto não-proteico, liberta azoto para o rúmen em modo de libertação lenta. Isto permite uma libertação sustentada de amoníaco no rúmen em sincronização com a digestão fermentada de hidratos de carbono, permitindo assim uma síntese de proteína microbiana eficiente no rúmen.

Com vista a ajudar a demonstrar como podemos usar estratégias alimentares para reduzir a pegada de carbono, a FAO desenvolveu uma orientação padrão para o desempenho ambiental dos aditivos alimentares em espécies pecuárias. Estas normas recomendam a utilização de dados a partir de meta-análises e análises de ciclo de vida. As meta-análises possibilitam a combinação de dados de vários estudos ao longo de vários anos para chegar a uma conclusão baseada em evidências, utilizando procedimentos estatísticos abrangentes. As análises ao ciclo de vida permitem-nos quantificar as emissões de gases com efeito de estufa ao longo de toda a cadeia de abastecimento ou no ciclo de produção de um determinado produto. Combinando estas duas abordagens fica demonstrado como as tecnologias de alimentação podem contribuir para a redução das emissões de gases com efeito de estufa e/ou para melhores indicadores de sustentabilidade.

Encontra aqui um exemplo de uma meta-análise do Optigen. Os dados desta meta-análise indicam que, ao longo de cerca de duas décadas, a investigação demostrou que o uso de Optigen está associado a uma redução média de 23% das fontes de proteína vegetal na dieta das vacas de leite. Em concreto, a farinha de soja pode ser reduzida em cerca de 21%, e também foi comprovado um aumento da eficiência da alimentação de cerca de 3%. Além disso, as dietas que incluem Optigen e usam quantidades reduzidas de fontes de proteína vegetal têm demonstrado melhorar a eficiência de utilização do azoto em 4%, levando a uma redução de 14% da pegada de carbono total da dieta das vacas leiteiras.

Leia aqui a meta-análise completa.

3ª ferramenta: Yea-Sacc®

Existem alguns produtos no mercado - como as culturas de leveduras - que podem ajudar a melhorar a eficiência da produção, reduzindo também a pegada de carbono de uma operação. Yea-Sacc é uma cultura de leveduras baseada na estirpe de levedura saccharomyces cerevisiae. Yea -Sacc altera a atividade do rúmen, ajudando à melhoria consistente do crescimento e atividade de bactérias utilizadoras de ácido láctico, o que ajuda a estabilizar o pH do rúmen. Ao mesmo tempo, também contribui para melhorar a digestão e a utilização de nutrientes. Graças a este tipo de melhorias, as vacas podem absorver mais nutrientes para uma maior produção de leite.

Utilizando uma vez mais uma abordagem de meta-análise, uma coleção de 31 estudos demostrou que o uso de Yea-Sacc na alimentação das vacas leiteiras pode levar a um aumento médio do rendimento do leite de 1 kg/vaca/dia, e pode reduzir a pegada de carbono e a intensidade das emissões de azoto em cerca de 3% e 5,4%, respetivamente. Estes números demonstram que é possível, simultaneamente, aumentar a eficiência da produção de leite e diminuir a pegada de carbono e a intensidade da excreção de azoto.

Descubra aqui os benefícios adicionais do Yea-Sacc.

No início deste artigo, colocamos uma questão: Podemos reduzir a pegada de carbono do leite, melhorando simultaneamente a nossa produção e rentabilidade?

Com ferramentas comprovadas como as aqui descritas, a resposta a esta pergunta é sim: É possível reduzir a pegada de carbono da produção de leite e ao mesmo tempo melhorar o nosso retorno económico e o nosso desempenho. Com base nos dados compilados em várias meta-análises, é evidente que existem soluções de alimentação no mercado que os agricultores podem utilizar para reduzir as suas emissões e aumentar a sua produtividade e rentabilidade, a par de estratégias nutricionais que ajudarão a melhorar a eficiência da produção nas explorações leiteiras.

 

 

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