Qualidade do ar nas suiniculturas - como controlar os níveis de amoníaco?
Autor: Jose Soto
Apesar da melhoria da eficiência e da produtividade nas suiniculturas, os gases que emitem e os odores eles associados continuam a ser um problema grave, com implicações sociais em muitos países.
A produção intensiva de suínos contribui para a emissão de gases poluentes, como o amoníaco (NH3), o sulfureto de hidrogénio (H2S) e o dióxido de carbono (CO2). Estes gases têm frequentemente um impacto negativo na qualidade do ar, na saúde animal e na qualidade de vida dentro e fora das suiniculturas.
O amoníaco é um dos gases mais problemáticos devido à sua prevalência e impacto no bem-estar animal, na produção de carne de porco e no ambiente.
A emissão de amoníaco é um processo natural que deriva da decomposição anaeróbia dos dejetos dos animais. Porém, a exposição crónica a este gás pode provocar problemas de saúde e afetar o crescimento e engorda dos animais, sobretudo em ambientes confinados.
Uma investigação publicada por Koerkamp et al. (1998) sugeriu que as emissões de amoníaco provenientes de porcas reprodutoras, leitões em desmame e porcos de engorda variavam entre 22 e 1298 mg/h/animal. Adicionalmente, o amoníaco presente no ar dos pavilhões variou de 5 a 30 ppm. Embora seja altamente variável, concentrações acima de 20 ppm de amoníaco podem afetar negativamente a saúde dos trabalhadores e dos animais.
De onde vem o amoníaco?
O amoníaco é libertado da ureia presente na urina dos suínos através da ação de micróbios que degradam os dejetos dos animais. A ureia é formada pelos rins e é utilizada pelo corpo para excretar azoto, um processo essencial à saúde.
Vários fatores associados à gestão das suiniculturas podem contribuir para a degradação da qualidade do ar, gerando um aumento da concentração de amoníaco: camas húmidas, falta de ventilação e alimentação com excesso de proteína.
Como é que o amoníaco afeta os suínos?
O amoníaco é um gás tóxico que, quando está presente em concentrações elevadas, pode facilmente tornar-se um problema crónico nas suiniculturas. Nos suínos, estão comprovados efeitos como mordedura da cauda e doenças respiratórias, nos humanos pode gerar problemas graves e no ambiente também tem efeitos negativos.
Uma investigação conduzida por Andreasin et al. (1994) sugeriu que mesmo uma exposição mínima ao amoníaco pode ser prejudicial. Por exemplo, suínos expostos a 50 ppm de amoníaco durante 20 minutos por dia, em apenas quatro ocasiões, perderam 37 a 90 kg de peso vivo. Além disso, o amoníaco pode afetar seriamente a saúde respiratória e atrasar a puberdade, mesmo a níveis reduzidos de 20 ppm (Malayer et al. 1980).
Como é que o amoníaco contribui para a poluição?
O amoníaco é o principal componente alcalino da atmosfera terrestre e está presente na água, no solo e no ar. O amoníaco gera impacto ambiental através de diversas formas: influencia a qualidade do ar, gera maus odores, eutrofização, acidificação e toxicidade direta e também através de efeitos indiretos.
A poluição por amoníaco tem grande impacto na biodiversidade, gera acumulação de azoto que afeta a diversidade e a composição das espécies vegetais nos habitats visados. Além disso, a deposição do azoto atmosférico provoca efeitos adversos nas florestas e gera eutrofização em ecossistemas estuarinos e costeiros.
Como reduzir as emissões de amoníaco nas suiniculturas?
É necessária uma abordagem holística para melhorar a qualidade do ar interior nas suiniculturas, incluindo uma boa ventilação, o uso de equipamentos adequados para alimentação dos animais e uma gestão adequada dos dejetos.
Para melhorar a ventilação e a qualidade do ar interior nas suiniculturas deve atuar em três áreas:
- Assegure-se de que todas as ventoinhas estão em bom estado de funcionamento. Limpe as lâminas e outros componentes externos e certifique-se de que o motor da ventoinha e o termóstato estão em boas condições.
- Verifique se as cortinas se fecham bem, se os detritos e os equipamentos são limpos e guardados antes da queda de neve, e examine os depósitos de gás propano para evitar fugas.
- Verifique as entradas de ar e a temperatura e teste o sistema de aquecimento dentro dos pavilhões.
Além disso, muitos suinicultores também recorrem a estratégias e tecnologias nutricionais para evitar a concentração de amoníaco nas suiniculturas, nomeadamente, a redução da quantidade de proteína ou a suplementação com extratos da planta Yucca schidigera (YS) na alimentação. A investigação comprova que o uso de extratos de YS pode reduzir os níveis de amoníaco no ar até 50%.
Formulado a partir de extratos de YS, De-Odorase® é uma forma segura de reduzir e manter níveis reduzidos de amoníaco nas suiniculturas. Desde 1990 que tem vindo a ser estudado o uso de De-Odorase® em suiniculturas para controlar os níveis de amoníaco no ar. Tuck (1991) reportou que a adição de De-Odorase® a razão de 120 g por tonelada de alimentos acabados, reduz o amoníaco atmosférico em 50% e 65%, durante o desmame e engorda, respetivamente, representando quase um terço do nível inicial. Colina et al. (2001) reportou uma redução de 35% de amoníaco no interior de maternidades após quatro semanas de suplementação com De-Odorase (Fig. 2)
Resumo dos benefícios da utilização de De-Odorase®, com base em trabalhos de investigação científica:
- Diminuição dos gases e odores (Ender et al., 1993; Vucemilo et al. , 2004).
- Boa função respiratória dos suínos (Monteiro et al., 2010; Vucemilo et al. , 2004).
- Melhor desempenho dos animais (Gombos, 1991; Ender et al. , 1993; Power e Tuck, 1995; Panetta et al., 2006).
- Melhores condições de trabalho para os operários (Cole et al., 1998).
Controlar os níveis de amoníaco nas suiniculturas contribui para um ambiente mais saudável não só para os animais, mas também para quem trabalha na exploração.