Pré-bióticos, Probióticos e Pós-bióticos em Animais de Estimação – qual é a diferença?

2021-05-01

Há vários anos que os pré-bióticos e os probióticos são considerados fundamentais na alimentação dos animais de estimação, mas agora a inovação em pós-bióticos parece ser um ponto de viragem na saúde intestinal dos nossos companheiros de quatro patas.  

Os donos estão mais preocupados do que nunca com o reforço do sistema imunitário dos seus animais de estimação, o que explica o desenvolvimento de novas tecnologias que melhorem a saúde gastrointestinal dos seus companheiros de quatro patas. Os pós-bióticos são a nova tendência.

À medida que os estudos científicos avançam na área dos pós-bióticos, estes emergem como o membro mais jovem da família dos protetores da saúde intestinal, completando a tríade sagrada do microbioma.

O que são pós-bióticos?   

Os pós-bióticos são subprodutos metabólicos e funcionais da fermentação intestinal. Por outras palavras, os probióticos (por exemplo, bactérias benéficas no intestino) digerem e utilizam pré-bióticos (por exemplo, alimentos para bactérias), sendo o resultado final dessa interação a libertação de pós-bióticos no intestino.  

O nome diz tudo: O pós-biótico provém de "bióticos", ou seja, organismos vivos, produzidos a posteriori,  isto é, após a interação com os microrganismos intestinais.  

Os pós-bióticos incluem compostos tais como:

  • Ácidos gordos de cadeia curta
  • Enzimas
  • Vitaminas
  • Frações celulares microbianas
  • Ácidos orgânicos

Estes compostos atuam na promoção da saúde, embora os seus mecanismos de atuação ainda não sejam totalmente conhecidos.  

No aparelho digestivo, entre os pós-bióticos mais importantes encontramos o acetato, o propionato e o butirato. Estas três substâncias são como ácidos gordos de cadeia curta, uma importante fonte de energia para os probióticos, bem como para as células epiteliais que revestem o intestino.

Os ácidos gordos de cadeia curta são importantes porque ajudam a otimizar a mobilidade gastrointestinal e a reduzir a inflamação, indispensável para a prevenção de qualquer patologia digestiva aguda ou crónica.    

O microbioma intestinal dos animais de estimação

A ciência tem demonstrado que o microbioma intestinal – em pessoas e animais de estimação – é mais complexo do que pensávamos inicialmente.   

O trato gastrointestinal não só desempenha um papel em praticamente todos os sistemas e funções do corpo, como também difere entre indivíduos. O microbioma é dinâmico e pode mudar drasticamente devido a:

  • À dieta
  • Ao nível   de stress
  • À idade
  • Ao historial de medicamentos usados

O microbioma intestinal é praticamente como uma impressão digital interna, o que significa que os suplementos digestivos afetam cada animal de forma ligeiramente diferente.

Neste ponto, os investigadores descobriram  que o microbioma intestinal de cães e gatos é muito semelhante na sua composição e estrutura, exceto se o animal estiver doente  (Vernimont et al., 2020).

Em cães e gatos com doenças digestivas, como a enteropatia crónica e a doença inflamatória intestinal,  a composição do microbioma intestinal é consideravelmente diferente daquela que se observa em animais de estimação saudáveis, tanto em diversidade como em riqueza microbiana (Minamoto et al., 2019;  Garraway et al., 2018).

Por razões preventivas, os probióticos constam cada vez mais como ingrediente nos produtos alimentares dos animais de estimação e está provado que ajudam a modificar as populações bacterianas  no intestino, substituindo o excesso de bactérias patogénicas por bactérias intestinais benéficas.

Embora os probióticos sejam benéficos, o seu uso pode ser controverso visto que são organismos vivos.  Isto significa que, do ponto de vista técnico, o carlor,  o processo de transformação das matérias-primas que compõem os alimentos e o armazenamento podem colocar sérios desafios  à  viabilidade e estabilidade dos probióticos.

Os pré-bióticos são ingredientes especialmente selecionados, que estimulam o crescimento de certas bactérias e, consequentemente, contribuem para uma boa saúde intestinal.  São de largo espectro mas, ao contrário dos probióticos, não estão vivos, pelo que a temperatura a que os alimentos são sujeitos durante o processo de transformação não influi tanto na sua eficácia.   

Simplificando, os probióticos e os pré-bióticos concentram-se na modificação da composição do microbioma intestinal para prevenir doenças, enquanto os pós-bióticos são usados para modificar a função do microbioma com vista a melhorar a saúde geral do intestino.   

Porquê usar pós-bióticos na alimentação de cães e gatos?

À medida que a investigação científica avança sabemos que os pós-bióticos têm um impacto positivo nas vias de sinalização no trato gastrointestinal.   Tal como os metabolitos,  os pós-bióticos  interagem com as bactérias no trato gastrointestinal, no próprio intestino e noutros  sistemas do corpo,  ativando o sistema  imunitário e promovendo respostas anti-inflamatórias.  

Embora os mecanismos  exatos pelos  quais os pós-bióticos funcionam não sejam totalmente conhecidos, o que sabemos atualmente sobre a sua vasta gama de efeitos imunomodeladores justifica que sejam incluídos nos alimentos para animais de estimação (Wegh et al., 2019).   

Em resumo

Os pós-bióticos são metabolitos termostáveis que trazem benefícios diretos ao trato gastrointestinal.

Todas as coisas boas acontecem em trio!  Proteger o  sistema  imunitário e a saúde geral de todos os cães e gatos é simples usando uma combinação de probióticos, pré-bióticos e pós-bióticos cujos benefícios são comprovados pela Ciência.

 

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