O estrume e a sua relação com a sustentabilidade
O estrume é o excremento animal utilizado para fertilizar as culturas agrícolas. Possui elevado teor de azoto e de matéria orgânica, mas tem um problema: a sua gestão emite para a atmosfera gases com efeito de estufa. Especificamente dois: metano e óxido nitroso. Dependendo do tratamento aplicado ao estrume, são geradas mais emissões de um ou de outro gás.
Além disso, a utilização de estrume na fertilização dos campos agrícolas deve ser muito controlada, pois valores acima do aconselhado são prejudiciais para a saúde do solo. Por outro lado, também pode contaminar as águas superficiais e subterrâneas, potenciando graves problemas de saúde pública. Em Portugal, a legislação fixa como limite máximo a aplicação de 170 kg de azoto orgânico por hectare e por ano nas zonas vulneráveis, conforme estipulado pela Diretiva Nitratos.
Tipos de estrume
Existem diferentes tipos de estrume, dependendo da espécie pecuária de onde provém. Os mais utilizados são:
- Estrume de vaca: amplamente utilizado na agricultura tradicional, deve ser compostado para obter melhores resultados. É usado sobretudo em climas frios, como ‘cama’ natural para as plantas. A dose recomendada é de 9 a 15 kg/m².
- Estrume de cavalo: ideal para utilização em compostagem. Tem um teor moderado de azoto em comparação com o estrume de outras espécies pecuárias. A dose recomendada é de 1 a 5 kg/ m².
- Estrume de frango: devido ao seu elevado teor de azoto é ideal para aplicação em jardins e pomares. Por ser ácido e rico em cálcio, não se deve aplicar em solos calcários. A dose recomendada é de 20 a 30 gr/ m².
- Estrume de cabra: tem uma elevada quantidade de nutrientes. A dose recomendada varia de 0,5 a 2 kg/ m².
- Estrume de ovino: é um estrume rico e equilibrado pela sua elevada concentração de nutrientes e minerais, pelo que é adequado para todos os tipos de plantas. A dose recomendada é de 3-5 kg/ m².
- Estrume de porco: é um excelente fertilizante para as plantas, mas requer um processo de adaptação de cinco a seis meses antes de poder ser aplicado ao solo.
Vantagens da utilização de estrume
- Nas explorações agropecuárias o estrume pode ter uma utilização circular, convertendo-se de resíduo em recurso ao fertilizar as culturas, fechando assim o ciclo.
- O azoto é, em geral, o elemento-chave para aumentar a produtividade das culturas, embora a partir de determinada dose, e se não for aplicado adequadamente e no período correto, pode reduzir a produtividade das culturas e gerar problemas ambientais, devido à emissão de gases com efeito de estufa e à contaminação das águas superfícies e subterrâneas.
- Após compostagem, o estrume torna-se numa matéria rica em microrganismos benéficos.
Desvantagens
- A sua incorporação no campo requer uma mecanização adequada, para que os custos com a mão-de-obra não aumentem.
- O processo de compostagem requer conhecimentos e máquinas específicos para revolver o estrume.
- Alguns tipos de estrume podem criar desequilíbrios no solo por serem ricos em macronutrientes. Por isso que é importante saber que tipo de estrume utilizar em cada caso e, se necessário, misturar diferentes tipos.
- Na agricultura biológica não é permitido utilizar estrume proveniente de pecuária intensiva, pois pode conter vestígios de antibióticos, pesticidas, etc.
- Contém elevado teor de sal quando provém de bovinos criados em explorações de engorda. Pode danificar ou matar as plantas.
- Como já referimos, o estrume é uma fonte de emissões de gases com efeito de estufa, que causam o aquecimento global do planeta.
Estrume reciclado: uma nova tendência de sustentabilidade
Um estudo realizado por cientistas da Universidade de Cornell (EUA) indica que o processo conhecido como Pirólise pode reter os nutrientes essenciais contidos no estrume, permitindo obter um fertilizante de elevado valor agrícola. A investigação, publicada pela revista científica Nature, explica que o estrume pode ser transformado num fertilizante sustentável. Outros autores indicam que a pirólise ajuda a reduzir o volume do produto em resultado do desaparecimento da humidade. Desta forma, os nutrientes ficam quase intactos, eliminando completamente os maus odores e, acima de tudo, reduzindo em larga medida a emissão de gases com efeito de estufa provenientes do estrume.
A procura de novas formas de fertilização sustentável das culturas leva os agricultores a inovar, optando por novas alternativas que lhes permitam, além do mais, ser rentáveis.
Na conferência Alltech ONE Ideas 2021, o Dr. Saheed Salami mencionou que o estrume é uma das principais fontes de emissões de óxido nitroso. Para conseguirmos uma exploração leiteira mais sustentável, afirmou, "temos de atuar em todos os setores da exploração para reduzir as emissões, e o estrume é um setor que requer especial atenção".
Concluiu que a modulação das fermentações entéricas e a gestão das rações ajudam a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. Para isso, o Dr. Salami aconselha a aumentar a digestibilidade dos alimentos, reduzindo o uso de ingredientes com elevado teor de carbono e sendo capaz de utilizar melhor o azoto destes.
A condição especial do amoníaco
O amoníaco (NH3) é um gás tóxico que resulta da decomposição do azoto presente nos excrementos dos animais e é realizada por diversos micróbios. Este gás espalha-se facilmente nas instalações pecuárias diminuindo a qualidade do ar.
As condições atuais de produção intensiva, incluindo uma maior densidade de animais, o uso de dietas ricas em proteínas e, muitas vezes, a falta de ventilação adequada podem levar à acumulação de amoníaco e causar efeitos negativos na produtividade e bem-estar dos animais.
O amoníaco é um gás com um efeito irritante nas membranas mucosas digestivas, respiratórias, oculares e cutâneas, podendo também influenciar o desenvolvimento do sistema imunitário. A gravidade das lesões provocadas pelo amoníaco dependerá da concentração e do tempo de exposição a este gás, quando maior for o tempo de exposição e a concentração de amoníaco maiores as lesões.
Um produto da Alltech adequado para reduzir de forma muito eficiente o nível de concentração de amoníaco em alojamentos de animais é o De-Odorase®. Obtido a partir da planta Yucca Schidigera, o De-Odorase® diminui a produção de amoníaco e os maus odores associados, contribuindo para um melhor ambiente nas explorações pecuárias e para a proteção da função respiratória, não só dos animais, mas também dos trabalhadores.
Tem um projeto? Na Planet Of PlentyTM queremos ajudá-lo a tornar a sua exploração mais sustentável! Contacte-nos para aconselhamento.
Se quiser mais informações sobre sustentabilidade na alimentação dos bovinos, leia o nosso blog. E se quiser mais informação sobre tecnologias que mitiguem as emissões de metano e azoto, clique aqui.