Gestão do Colostro é chave para desbloquear o potencial genético das vitelas

Gestão do colostro em vitelas
2021-04-13

Por: Imogen Ward

Iniciamos esta semana uma série de artigos curtos e práticos para ajudar os produtores de leite a criar vitelas fortes e saudáveis.

A série de artigos 'Otimizar a Gestão das Vitelas' subdivide-se em 4 áreas-chave:

Episódio 1: Gestão do colostro

Episódio 2: Ambiente

Episódio 3: Desmame da vitela

Episódio 4: Preparação de vitelas

O primeiro desta série de quatro artigos dá conselhos úteis sobre a gestão do colostro, considerado a chave para desbloquear o verdadeiro potencial genético do seu efetivo.


A criação de vitelas de substituição é a segunda despesa mais elevada numa exploração leiteira, representando 20 a 30% do custo anual de produção, apenas superada pela despesa com a alimentação dos animais. Além disso, as estatísticas mostram que existem variações significativas no desempenho entre as vitelas, mesmo as nascidas na mesma exploração.

Fazer uma boa gestão dos primeiros meses de vida das vitelas pode ter um enorme impacto nos níveis de mortalidade e nas taxas de crescimento dos animais na fase juvenil, já para não falar na produção de leite e na eficiência alimentar dos animais em futuras lactações. É um investimento a curto prazo cujos benefícios são obtidos a longo prazo, ou seja, quando as vacas atingem a maturidade.

Cat Berge da Berge Veterinary Consulting é uma consultora independente da Alltech.

"A principal causa de mortalidade precoce deve-se à má gestão do colostro. Cerca de 50% das mortes das vitelas deve-se a este fator", revela Cat Berge.

O colostro administrado entre a 1ª e a 24ª hora de vida é vital. Fornece às vitelas os anticorpos que lhe garantem imunidade natural, energia, vitaminas e nutrientes essenciais para o seu crescimento e desenvolvimento.

Os 5 eixos do protocolo de gestão do colostro:

1. Qualidade

  • Objetivo: IgG > 50 g/l ou >23% quando medido com um refratómetro de Brix.

2. Quantidade

  • Objetivo: 10% do peso do nascimento na primeira alimentação e 4 litros até 10 horas depois.

3. Rapidez

  • Objetivo: 1 a 2 horas após o nascimento — no caso das vitelas nascidas à noite, a primeira tarefa da manhã seguinte deve ser alimentar os animais recém-nascidos com um tubo de 4 litros de colostro, congelado ou em pó.
  • Por cada hora de atraso no fornecimento do colostro, a probabilidade de a vitela adoecer aumenta 10% (Jemburu. 2004).

4. Limpeza

  • Objetivo: <100.000 cfu/ml contagem total de bactérias e <10.000 cfu/ml contagem de coliformes fecais.

5. Contagem (monitorização) transferência passiva 

  • Objetivo: >90% das vitelas com soro sanguíneo TP ≥ 5 g/dl

Investigações recentes demostram que o colostro contaminado por bactérias pode interferir e reduzir a absorção passiva dos anticorpos presentes no colostro. Por isso, a limpeza é atualmente uma das áreas fundamentais para reduzir o índice de doenças em vitelas.

Protocolo de 6 etapas para reduzir a carga bacteriana:

1. Ordenha

Quando ordenhar a vaca parturiente certifique-se de que os tetos estão bem limpos. Siga o método “Mergulhar-Limpar-Mergulhar-Limpar /Esfregar” utilizando uma solução assética ou à base de iodo.

2. Colheita

Certifique-se de que o equipamento utilizado para a colheita do colostro está limpo. Utilize detergente clorado, uma escova de pelos rígidos e um esfregão verde e água quente (acima de 48,9°C) e siga o protocolo “Limpar-Enxaguar-Secar”. Faça o mesmo procedimento em todos os baldes e equipamentos de alimentação.

3. Arrefecimento

Se não administrar o colostro imediatamente à vitela, coloque duas garrafas de água de 1,5 L congeladas no balde onde fez a colheita para arrefecer rapidamente o colostro até cerca de 16°C.  A esta temperatura as bactérias coliformes duplicam em 150 minutos, comparativamente com os 20 minutos que demoram a duplicar à temperatura corporal da vaca (38°C).

4. Armazenamento

O colostro deve ser submetido a um teste de qualidade e o que for de boa qualidade deve ser  armazenado no frigorífico durante no máximo de 24 horas, em recipientes de 1 a 2 litros. Em alternativa, pode ser imediatamente congelado em sacos de 1 a 2 litros hermeticamente fechados. Certifique-se de que todo o colostro está rotulado com a data de colheita e a identidade de vaca.

5. Reaquecer

O colostro congelado pode ser descongelado no frigorífico durante a noite. Tanto fresco como congelado deve ser aquecido em banho-maria (50°C máx), de modo a que atinja 40-42°C, dando-lhe tempo para arrefecer a 38°C antes de o administrar às vitelas, nos 30 minutos seguintes.

6. Alimentação

As bactérias adoram crescer em lugares húmidos e escuros. Certifique-se de que todo o equipamento de alimentação está bem limpo e higienizado. Preste especial atenção às fendas e aos recantos de difícil acesso. Examine também de forma regular as tetinas das garrafas, pois estas são propícias ao desenvolvimento de bactérias.

Um investimento de tempo que compensa

Uma boa nutrição das vitelas, a começar pela primeira refeição, é uma forma de garantir que os animais atinjam o seu verdadeiro potencial na fase adulta. Comprovou-se que administrar 4 litros de colostro, ao invés de 2 litros, pode levar a vaca a produzir mais 550 kg de leite durante as duas primeiras lactações e conduzir a um aumento de 16% na taxa de sobrevivência à terceira lactação (Faber et al., 2005).

Além disso, por cada 100 g extra de peso diário antes do desmame é possível obter mais 150-155 kg de leite produzido durante a primeira lactação (Geisnger & Heinrichs, 2016).

A adequada gestão do colostro é a sua chave para desbloquear a produção futura. Contate os nossos especialistas para mais informações através do email infoportugal@alltech.com

 

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