Enzimas: aliadas na nutrição eficiente das aves e na proteção do Planeta
Cerca de 10-25% do alimento consumido pelas galinhas não pode ser totalmente digerido. Por isso, aconselha-se a suplementar a dieta com enzimas ou extratos de fermentação com atividade enzimática.
O uso de enzimas exógenas na alimentação animal pode melhorar a digestibilidade dos nutrientes, melhorando assim o desempenho das aves e a eficiência da alimentação.
Garante que os animais obtêm a quantidade certa dos nutrientes de que precisam. Isto é mais importante do que nunca, uma vez que os preços das matérias-primas estão elevados e as fábricas de rações recorrem a diferentes combinações de ingredientes para obter rações mais baratas.
A indústria de alimentos para animais enfrenta muitos desafios. Embora a maioria dos produtores tenha resistido à difícil conjuntura imposta pela pandemia da Covid-19, deparam-se agora com volatilidade, escassez e aumento dos preços dos cereais. Estes impactos relacionados com os cereais tornaram-se um verdadeiro desafio à rentabilidade e ao desempenho das empresas pecuárias. Para satisfazer a crescente procura global de proteína animal, os produtores devem ajudar os animais a atingir o seu máximo potencial genético, e isso começa com a alimentação.
Se bem que muitos produtores podem alimentar os seus animais com dietas convencionais baseadas no uso de milho e soja, embora a um custo mais elevado, muitos outros em todo o mundo foram forçados a ser criativos na composição da dieta dos animais, devido aos elevados custos ou à escassez de determinadas matérias-primas.
Independentemente da composição da dieta, todos os produtores devem maximizar a eficiência da dieta dos seus animais. Isto requer frequentemente estratégias multidimensionais, sendo fundamental saber qual é a disponibilidade de fornecimento e a composição nutricional dos ingredientes usados nas rações, para superar os desafios da alimentação.
Compreender a composição da dieta
Cerca de 85-90% das rações para animais são fabricadas com grãos de cereais (milho, trigo, cevada, etc), como fonte de energia, e com sementes de oleaginosas (por exemplo, soja), como fonte de proteína.
Tanto os grãos de cereais como as oleaginosas são ricos em fibras dietéticas que contêm polissacarídeos sem amido (PNA) que fazem parte da estrutura da parede celular das plantas. As propriedades e as diferentes percentagens de PNA nas plantas são responsáveis pela sua atividade anti-nutritiva e podem interferir com o processo digestivo do animal.
A concentração e o tipo destes polissacarídeos fibrosos variam consoante os grãos e podem alterar negativamente os seus valores nutricionais.
A função das enzimas exógenas ou extratos de fermentação com atividade enzimática
É amplamente aceite que os componentes dietéticos podem influenciar ou desencadear a expressão de doenças. Em investigações de campo, os cientistas têm observado frequentemente que mudanças na dieta, especialmente das aves, podem aumentar ou diminuir a incidência de salmonelose, colibacilose e/ou enterite necrótica. Além disso, a diversidade da microbiota em cada secção intestinal reflete, em parte, os tipos de substratos de nutrientes nessas secções, e é aqui que entram em jogo as enzimas exógenas para ajudar nestes desafios nutricionais.
As enzimas são proteínas que servem como catalisadores, que aceleram naturalmente a velocidade das reações químicas. As enzimas digestivas, produzidas naturalmente pelos animais, decompõem ingredientes dietéticos em nutrientes para que o intestino possa absorvê-los. No entanto, alguns animais, incluindo as aves, não conseguem digerir eficazmente 10-25% dos alimentos que ingerem, especialmente os seus componentes fibrosos. Estes são conhecidos como fatores anti-nutricionais, uma vez que interferem com o processo digestivo.
Estes fatores anti-nutricionais podem levar a problemas como diminuição da digestibilidade, aumento da passagem de alimento, má qualidade do lote e alterações na microbiota dos animais, prejudicando a integridade do trato gastrointestinal e resultando em parâmetros de desempenho mais baixos.
Além disso, algumas enzimas naturais dependem de cofatores (minerais), coenzimas (a forma ativa das vitaminas) e outras moléculas orgânicas. Se a biodisponibilidade destes cofatores e coenzimas for bloqueada devido a problemas de insuficiência ou má absorção dietética, então as enzimas não terão este componente e, consequentemente, não serão capazes de funcionar. As enzimas alimentares podem ajudar a decompor esses fatores anti-nutricionais, trabalhando para aumentar a disponibilidade de hidratos de carbono, proteínas e nutrientes minerais, como fósforo e cálcio, para ajudar a ave a atingir todo o seu potencial de crescimento.
A função mais importante das enzimas exógenas no trato gastrointestinal das aves é a quebra das paredes celulares das plantas, uma vez que este processo liberta os nutrientes, tornando-as mais acessíveis às enzimas endógenas do animal e aumentando a disponibilidade de nutrientes.
Aumento da digestibilidade da proteína vegetal
A melhoria da digestibilidade dos alimentos por enzimas exógenas adicionadas à alimentação reduz o tempo de permanência dos nutrientes no trato gastrointestinal e, com isso, a oportunidade de crescimento e proliferação de bactérias patogénicas, como Salmonella, E. coli e Clostridium spp.
Quando se pondera o uso de ingredientes alternativos para rações, as enzimas exógenas e os extratos de fermentação com atividade enzimática podem tornar a dieta mais flexível, permitindo aumentar a gama de ingredientes usados na formulação das rações, reduzir a variabilidade do valor nutricional e ajudar os produtores a aproveitar ao máximo a ração. A composição da dieta, a diversidade de PNA e a variabilidade determinam qual é a solução enzimática certa para cada produtor.
Escolher um complexo enzimático que permita tirar o máximo partido de toda a dieta para garantir uma gama de ação mais ampla e, ao mesmo tempo, melhorar o seu valor nutricional, é altamente recomendado. A utilização de fermentação em estado sólido (SSF na sigla inglesa) para a produção de enzimas comerciais tem sido amplamente investigada nos últimos 20 anos.
Os sistemas SSF podem ser adaptados para responder às necessidades específicas de cada operação individual em função da seleção microbiana e dos múltiplos substratos nas dietas. Uma solução tecnológica da Alltech, com atividade enzimática, baseada em sistemas SSF e que tem demonstrado melhorar a digestibilidade dos ingredientes de rações vegetais ricas em proteínas é Amin-Alltech.
Estudos com Amin-Alltech em frangos de engorda, alimentados à base de farinha de soja, demonstraram que a energia metabolizável dos frangos aumentou 5-9% e a digestibilidade de todos os aminoácidos, como a metionina, a lisina, a cistina e outros, também melhorou. Amin-Alltech permite que as proteínas contidas em fontes vegetais, como a farinha de soja, se tornem mais disponíveis, permitindo que as aves tenham acesso a nutrientes essenciais. Isto reduz o fluxo aquoso da alimentação não digerida na microbiota intestinal do intestino traseiro, suportando assim o ciclo do azoto e o transporte de nutrientes.
Enzimas e impacto ambiental
Uma vez que o uso de enzimas e extratos com atividade enzimática ajuda a melhorar o uso de nutrientes nas dietas animais, é fácil entender que com a sua utilização pode economizar no consumo de ingredientes. Está provado que o uso de proteases permite uma redução do consumo de proteína vegetal e que o uso de carbohidrases permite uma poupança de fontes de energia como óleos. Por outro lado, e devido ao maior aproveitamento dos nutrientes, associados à sua utilização, também é possível conseguir uma redução dos resíduos poluentes, como os minerais. Por exemplo, as fitases reduzem a excreção do fósforo e permitem uma menor inclusão deste mineral na dieta.
A visão Planet of Plenty da Alltech, que tem em consideração como melhorar o uso dos recursos naturais, está a sensibilizar os seus colaboradores, clientes e outros operadores da cadeia alimentar para trabalharem juntos por um planeta de abundância. A Alltech, como signatária dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, está empenhada na sustentabilidade.
A utilização das tecnologias Alltech com atividade enzimática, como Synergen e Amin-Alltech, tem benefícios para o ambiente: reduzem as emissões de gases com efeito de estufa e as emissões de fósforo e amoníaco, diminuem o uso de terra, água e energia e melhoram a saúde o bem-estar animal.
Conclusão
As enzimas e os extratos exógenos com atividade enzimática na alimentação animal podem melhorar a digestibilidade dos nutrientes e, por sua vez, beneficiar a resposta imune do intestino, diminuindo a probabilidade de as bactérias se desenvolverem e levarem a problemas como salmonelose, colibacilose e/ou enterite necrótica. O aumento da absorção proporcionado pelas soluções tecnológicas Alltech com atividade enzimática (Synergen e Amin-Alltech) ajuda as aves a aumentar a sua capacidade de ingerir os nutrientes necessários e a melhorar o rendimento e a eficiência da alimentação, reduzindo ao mesmo tempo o impacto ambiental devido à menor produção de nutrientes nos excrementos e à melhor utilização dos recursos naturais.
Autores: Dr. Kyle McKinney, Diretor Global da Plataforma de Gestão de Enzimas da Alltech, e Dr. Rutz, professor na Universidade Federal de Pelotas no Brasil e afiliado da Investigação Técnica na Alltech.