Como pode a agricultura ajudar a salvar o planeta?

2022-06-13

Na sua intervenção na Conferência Alltech ONE, o Dr. Mark Lyons, Presidente e CEO da Alltech, refletiu sobre o percurso da empresa nos últimos anos. Recordou a ONE de 2019 onde anunciou o lema Working Together for a Planet of Plenty™, uma nova ideia que em breve se tornaria na visão abrangente da Alltech.

Lyons admitiu que o conceito não era fácil de compreender nessa altura. No entanto, é uma visão profundamente enraizada no ADN da Alltech e nos valores do seu fundador, Dr. Pearse Lyons, que acreditava que o dever da agricultura é cuidar dos animais, dos consumidores e do ambiente. Já na década de 1980, quando o Dr. Pearse Lyons defendeu esta ideia, muitas pessoas demoraram a interiorizá-la.

Focando-se na atualidade, Mark Lyons disse que chegou o momento de pôr em prática a visão para um Planeta da Abundância, constatando que os consumidores, sobretudo as gerações mais novas, pensam a alimentação de forma diferente, e que a agricultura tem de responder às suas necessidades.

Para o conseguir, porém, é preciso uma mudança de abordagem: "Reduzir não é suficiente; temos de fazer algo diferente", disse Lyons. "Acreditamos que a agricultura tem um enorme potencial para influenciar de forma positiva o futuro do nosso planeta, para alimentar a população mundial e ajudar as comunidades rurais a prosperar e a repor os recursos do nosso planeta".

Sequestro de carbono

Uma das formas de a agricultura poder ter um grande impacto na restauração e conservação do ambiente é através do sequestro de carbono. Mark Lyons recebeu no placo principal da ONE o Dr. Vaughn Holder, diretor de investigação em ruminantes na Alltech, que explicou como implementar este conceito no setor agropecuário.

Vaughn Holder apresentou dados sobre as emissões de gases com efeito de estufa e o seu impacto no nosso planeta, mostrando que o CO2 é o principal contribuinte para o aquecimento global. No entanto, Holder acredita que a agricultura pode fazer muito para resolver esta questão e disse que a Alltech já está a trabalhar para ajudar os agricultores a resolvê-la.

Uma das iniciativas em curso é o projeto de investigação Archbold Expeditions, que conta com a parceria da Alltech. Decorre no Buck Island Ranch, uma exploração pecuária com 4.000 hectares, em Lake Placid, na Florida, EUA, onde são monitorizados os inputs e os outputs a nível dos solos, dos nutrientes e da poluição, com o objetivo de avaliar metodologias experimentais e técnicas de modelação para estimar fluxos de carbono e de nutrientes na produção de gado.

Vaughn Holder explicou que o estudo apurou emissões de 10.884 toneladas de CO2e/ano resultantes da produção de 3.000 cabeças de bovinos no Buck Island Ranch, sendo a fermentação entérica responsável por 64% das emissões. No entanto, as pastagens semeadas neste rancho, com a espécie Paspalum notatum Flugge, contribuíram para sequestrar 17.813 toneladas de CO2e/ano, resultando num balanço de carbono positivo de 6.929 toneladas de CO2e/ano.

E que importância tem isto para os agricultores? Vaughn Holder revelou que os dados demonstram que implementando práticas de gestão de pastagens, a agropecuária tem um papel privilegiado para fornecer os recursos alimentares de que a população mundial precisa e, ao mesmo tempo, adotar medidas que ajudam a conservar e restaurar o planeta. Segundo este especialista, se adotarmos estratégias eficazes de alimentação dos ruminantes e, simultaneamente, sequestrarmos carbono através das pastagens poderemos reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em mais de 50%.

"A nossa capacidade para concretizar estas estratégias será cada vez mais importante", explicou Holder. "Nenhum outro setor de atividade está tão bem posicionado como a agropecuária para fazer isto”.

Quando questionado sobre qual é o próximo passo para tornar isto realidade, Holder disse que primeiro precisamos de uma mudança de mentalidade. Explicou que é necessário desenvolver um modelo escalável de forma a abordar esta questão, para que os agricultores se concentrem simultaneamente na produção de alimentos e na preservação do ambiente. Só assim poderemos preservar o futuro do planeta.

Nutrição para todos

Reforçando a mensagem de Holder sobre a importância de conservar o mundo em que vivemos, Nikki Putnam Badding, diretora-geral e nutricionista chefe da Acutia, abordou a questão do ponto de vista da população mundial.

"A sustentabilidade não começa e acaba com o impacto ambiental", explicou Putnam Badding. "Na verdade, significa que estamos a cuidar da saúde do planeta e das pessoas que o partilham."

Putnam Badding apresentou aos participantes um número preocupante, que uma em cada 10 pessoas está subnutrida, enquanto uma em cada 4 sofre de malnutrição. Esta questão pode ter graves repercussões na saúde, tais como complicações na gravidez, problemas cardíacos e na função cognitiva. Há também consequências de maior alcance, como o crescimento económico lento, a pobreza e a redução do número de crianças com acesso a educação.

"Então, será que basta alimentar o mundo ou precisamos de garantir nutrição para todos e mudar o diálogo da segurança alimentar para a segurança nutricional?", questionou Putnam Badding.

A diretora-geral da Acutia acredita que a agricultura pode ser a chave para esta questão, porque a saúde da sociedade começa no solo. Explicou que é sabido que a saúde do solo e a saúde humana estão intrinsecamente ligadas ao longo da história, e que inúmeros estudos de caso demonstram que enriquecer o solo com nutrientes essenciais pode ajudar a resolver muitas questões de saúde humana.

Uma vez repostos os nutrientes necessários no solo, é preciso encontrar a melhor forma de fornecer esses nutrientes às pessoas, disse Putnam Badding e é aqui que entram os animais.

"Os animais são os recicladores originais da natureza", afirmou Putnam Badding. "Eles usam as plantas, com as quais o nosso corpo não pode fazer nada, e transformam-nas em carne, laticínios e ovos, ricos em nutrientes e proteínas".

Revelou ainda que enriquecer os produtos com nutrientes não só beneficia a saúde humana, mas também os aspetos comerciais da agricultura. Estudos demonstram que 48% dos consumidores estão dispostos a pagar mais por alimentos mais saudáveis, enquanto 72% acreditam que as empresas precisam de desempenhar um papel mais importante na disponibilidade e no acesso a alimentos saudáveis.

"Devemos lembrar que o solo, as plantas, a saúde animal, ambiental e humana estão profundamente interligados, e o nosso propósito é mais do que a agricultura", concluiu Putnam Badding. "É mais do que produção alimentar; é mais do que a redução do impacto ambiental. É sustentar a vida e a saúde do planeta e a vida e saúde das pessoas que o partilham."

Aceda às conferências gravadas da Conferência Alltech ONE, visite one.alltech.com.

Autor: Liam Doyle

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