Como formular as dietas das aves para melhorar as credenciais de sustentabilidade

2022-05-02

Este artigo apresenta uma revisão da forma como o setor das aves de capoeira pode satisfazer a procura por uma produção mais sustentável, sem ter de alterar radicalmente a dieta dos animais.

Sustentabilidade é uma palavra que não tem o mesmo significado para todas as pessoas. É ampla e engloba a sustentabilidade ambiental, económica e social. Muitas vezes, quando se fala de produção de aves de capoeira e de nutrição de aves de capoeira, a palavra sustentabilidade é usada como referência à longevidade e à capacidade de produção do lote.

O crescente número de notícias sobre as alterações climáticas e a poluição tem sensibilizando os consumidores para o impacto ambiental da sua alimentação. De facto, de acordo com um recente relatório de sustentabilidade divulgado pela consultora Nielson, 73% dos consumidores afirmam que mudariam definitivamente, ou provavelmente, os seus hábitos de consumo para reduzir o seu impacto ambiental. Atualmente, há pouca legislação na indústria avícola sobre a redução do impacto ambiental, no entanto, é de prever que chegue em breve, tendo em conta o que se passa no setor dos ruminantes em alguns países europeus. A questão que se coloca à fileira avícola é como podemos produzir as nossas aves de forma mais sustentável, num sentido lato, sem ter de mudar a forma como as alimentamos e criamos?

Sustentabilidade ambiental e económica

Na produção de aves de capoeira, a sustentabilidade ambiental e económica estão estreitamente interligadas. A rentabilidade provém da eficiência, que também se traduz em credenciais ambientais. A sustentabilidade ambiental engloba múltiplos fatores, desde a lixiviação de minerais até à pegada de carbono. Quando se fala de aves de capoeira, 80% da pegada provém dos alimentos e, como tal, uma nutrição eficiente pode desempenhar um papel muito importante na redução de algumas destas emissões de carbono. Independentemente da produção ou do tipo de ave, se os produtores utilizarem menos alimento para atingir a mesma produção, ou utilizarem a mesma quantidade de alimento, mas produzirem mais, haverá benefícios de sustentabilidade, tanto ambiental como económica. Melhorar a eficiência da alimentação é uma questão complexa e, como tal, requer uma solução complexa e multifatorial.

A melhor dieta para cada fase da vida das aves

Garantir o melhor tipo de ração para cada etapa da vida da ave é uma maneira de conseguir isso. Em cada fase da vida, a ave tem diferentes requisitos nutricionais, e os componentes da ração devem ser pensados em função disso. Especialmente nas galinhas poedeiras, o cumprimento dos requisitos minerais é fundamental para permitir que a ave produza ovos de elevada qualidade, e no caso dos frangos de engorda, devido à sua velocidade de crescimento, a nutrição mineral é fundamental para um crescimento muscular eficaz. Para satisfazer os requisitos nutricionais, os minerais inorgânicos são frequentemente usados  em doses elevadas, por vezes acima das recomendações do NRC. Os minerais orgânicos têm uma melhor biodisponibilidade e são, portanto, melhor absorvidos, o que significa que podem ser usados na dieta em níveis de inclusão mais baixos. Isto tem um impacto imediato na lixiviação dos minerais, uma vez que menos minerais são excretados com as fezes. Talvez inesperadamente, mudar para minerais orgânicos também pode melhorar a sua pegada de carbono através de melhorias no desempenho produtivo. Isto tem um efeito económico benéfico na cadeia de valor avícola.

Melhorar a saúde intestinal

A digestibilidade e a absorção de nutrientes também podem afetar as credenciais de sustentabilidade de uma dieta. Se os nutrientes puderem ser mais bem digeridos e absorvidos, então serão usados de forma mais eficiente para a produção de ovos e o crescimento muscular. Um dos meios para melhorar este aspeto é refinando a saúde intestinal. A saúde intestinal ótima proporciona à ave uma melhor estrutura das vilosidades, o que significa que tem a maior superfície disponível para absorver nutrientes que são transferidos para a corrente sanguínea ou o sistema linfático. Se a estrutura intestinal estiver comprometida, os nutrientes podem passar para o ceco sem ser digeridos, fornecendo uma fonte de nutrientes à população microbiana que aí reside. É frequente serem detetados organismos potencialmente patogénicos no ceco, e esta fonte de nutrientes permite-lhes replicarem-se em número suficiente para causar desequilíbrios na microbiota, afetando o rendimento das aves. A diminuição do rendimento reduzirá, por sua vez, a sustentabilidade económica e ambiental da produção.

A saúde intestinal também pode melhorar a sustentabilidade ao ajudar a modular o sistema imunitário. Como mencionado acima, o intestino contém uma microbiota e esta população interage com o sistema imunitário. Inúmeros estudos têm demonstrado que ter uma microbiota mais equilibrada e diversificada ajuda a reduzir a inflamação e provoca uma resposta imunitária mais eficaz aos desafios reais. A inflamação e outros processos imunológicos são energeticamente dispendiosos.

A ligação à sustentabilidade pode parecer um pouco fraca, no entanto, através de uma melhor saúde intestinal, a eficiência da alimentação será consideravelmente melhorada, e isso tem uma ligação direta com a sustentabilidade ambiental e económica. A dieta pode ser formulada de várias formas para promover a saúde do intestino. Em primeiro lugar, certificando-se de que contém ingredientes mais digeríveis: existem inúmeras formas de ajudar na digestibilidade dos nutrientes para permitir que os alimentos sejam absorvidos no lugar certo dentro do intestino. Em segundo lugar, fornecendo os ingredientes mais limpos: a contaminação com agentes patogénicos, micotoxinas ou outros ingredientes não alimentares tem um impacto negativo  direto na microbiota intestinal, colocando em risco a saúde intestinal. Por outro lado, podem ser usados suplementos alimentares para melhorar a saúde do intestino.

Fontes de soja sustentáveis

O setor das aves não é relevante para as ONG que pedem uma mudança. A pegada de carbono das dietas pode ser melhorada otimizando a eficiência dos alimentos e a produção de proteínas comestíveis. Talvez uma das questões mais emotivas em relação à produção de aves de capoeira seja a utilização de soja e a sua ligação à desflorestação. O uso de fontes sustentáveis de soja pode contornar este problema e reduzir a pegada das dietas. No entanto, um aspeto interessante que ainda não se generalizou está relacionado com a utilização de fontes alternativas de proteína na produção comercial.

Para se manterem na vanguarda e em consonância com as tendências dos consumidores, as empresas devem considerar os seus programas de sustentabilidade ambiental para a agricultura e a pecuária.  Potencialmente, estes podem trazer muitos benefícios para o seu negócio, tirando partido de novas áreas de crescimento se o seu marketing for gerido corretamente. O mais importante, porém, é que as questões ambientais e económicas não precisam de entrar em conflito, devem antes ser consideradas como complementares. Mudanças simples nas dietas podem ter um grande impacto na eficiência e, por sua vez, melhorar a sustentabilidade do produto final.

Autora: Emily Marshall, Coordenadora Técnica de Aves, Alltech Europe

 

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