Como aumentar o teor de gordura do leite?
Aumentar a produção de leite, sobretudo o teor de sólidos como a gordura, deve ser um objetivo de todas as explorações leiteiras, pois a indústria remunera cada vez mais pelo extrato seco do leite.
Este artigo, publicado na revista “Campo Galego”, é um resumo da conferência do investigador Jud Heinrichs, professor na Universidade de Pensilvânia, proferida numa jornada organizada pela Alltech, no Centro de Investigacións Agrarias de Mabegondo (CIAM), na Galiza.
Tamanho das partículas de forragem
O corte excessivo do milho ou da erva penaliza a produção de gordura através da ruminação das fibras. O tamanho ideal do corte para uma boa mistura na ração é entre 4 mm e 19 mm. «Deve evitar-se que a vaca seja seletiva na manjedoura, e isso geralmente ocorre devido ao corte posterior da forragem no unifeed, o que é errado, pois o corte deve ser feito apenas à colheita», afirmou Jud Heinrichs.
A importância do pH do rúmen
Um rúmen saudável permite que a vaca absorva bem os nutrientes e possa produzir leite com elevado teor de gordura e de proteína. «É importante não atingir uma situação de acidose, que causa uma deterioração das vilosidades do rúmen, ainda que pontualmente, porque esta penaliza a ingestão, a absorção de nutrientes e a produção, e é muito difícil recuperar», alertou o investigador. O ideal é manter um pH ruminal de 6, advertiu, acrescentando que «no caso das vacas em produção, às quais se administra a ração à parte (por exemplo as que pastam), ao comer a ração 2 ou 3 vezes por dia durante a ordenha, digerindo-a de forma rápida, o que ocorre é uma descida do pH ruminal até 5,2, que posteriormente, ao voltar a digerir, volta a subir até 6,8».
Advertiu também que «com pH ruminal baixo, pára o crescimento das bactérias que ajudam na digestão das fibras da forragem, a produção de ácido acético (precursor da gordura do leite) reduz-se e ocorre uma diminuição da quantidade total de proteína no rúmen, além de uma redução da ingestão de matéria seca».
«Quando as vacas ingerem menor quantidade de alimento, em geral o produtor tende a picar mais a ração, mas isso impede o aumento da gordura e da proteína do leite», alertou.
Por outro lado, Jud Heinrichs sublinhou que comparando o unifeeder com o sistema de pastoreio, o primeiro é 5% a 15% mais eficiente na produção de gordura no leite, porque «o aproveitamento dos nutrientes da forragem, em termos de hidratos de carbono, é melhor e, ao não dar apenas o concentrado, as oscilações do pH ruminal também são menores, entre 5,8 e 6,2».
Tanto num caso como no outro, suplementar a ração com leveduras vivas é uma solução eficaz para corrigir as oscilações do pH do rúmen e melhorar o seu funcionamento.
Proporção concentrado- forragem na ração
Segundo Jud Heinrichs, a forragem deve representar um mínimo de 55% do peso da matéria seca da ração. «Antigamente nos EUA trabalhava-se com rações mais ricas em concentrado do que em forragem, alimentando as vacas como se fossem porcos, mas hoje em dia já não se faz assim, porque dava origem a menores níveis de gordura e de proteína no leite e a mais problemas de acidose», explicou.
Neste sentido, o professor da Universidade da Pensilvânia explicou como a relação de forragem-concentrado na ração afeta o rácio entre ácido acético e ácido propanóico.
«Com 100% de forragem não se satisfazem as necessidades nutricionais, sobretudo de energia, de uma vaca com elevada produção de leite. E com uma proporção de 60% de concentrado e 40% de forragem teríamos um rácio de 2,3:1 , e abaixo deste rácio não devemos ir. O ideal é 65% de forragem, mas tendo em conta a forragem que a vaca ingere efetivamente, porque podemos estar numa ração teórica de 60% de concentrado e 40% de forragem, mas a real ser de 50% de cada um», explicou Jud Heinrichs.
Evitar a sobrelotação
A sobrelotação pode ocorrer porque há menos espaço do que animais ou porque as vacas têm dificuldade em aceder à manjedoura, e quando lá chegam comem muito e rapidamente, provocando uma baixa do pH do rúmen, que posteriormente se vai recuperando à medida que a vaca ingere menos quantidade de cada vez.
«A sobrelotação é uma situação muito frequente que leva a que explorações leiteiras que poderiam produzir leite com 3,8% de gordura, estão em 3,5 e isso representa bastante dinheiro a menos no bolso do produtor», assegurou.
A este respeito, recomendou que os produtores dediquem mais tempo à observação do comportamento das vacas, para ver se todas comem ao mesmo tempo, se selecionam os alimentos, contar quantas horas estão as vacas fora da manjedoura ou se a ração que provém do unifeed tem sempre as mesmas características.
Robot de ordenha
Com a instalação do robot, em geral, a vaca é ordenhada 4 a 5 vezes ao dia e recebe de cada vez a sua dose de ração. No entanto, Jud Heinrichs alertou que se o tipo de ração não for diversificado, o teor de gordura do leite pode baixar, devido à diminuição do pH ruminal.
Neste sentido, Jud Heinrichs recomenda que se ponha o mínimo de ração no robot, o suficiente para atrair a vaca à ordenha -a média aconselhada está entre 4 a 5 kg de ração/ robot/vaca/ dia-; a escolha de uma ração com mais amido, mais digerível, e em formato de pellets, com mais fibra, sendo a ração mais proteica fornecida pelo unifeeder.