3 perguntas frequentes sobre produção de aves sem antibióticos

2021-11-14

Autor:  Tien  Le

Saber a verdade sobre o uso de antibióticos na pecuária não é fácil, há vários pontos de vista, opiniões e até mesmo desinformação disponíveis online à distância de um simples clique. Falámos com vários especialistas em avicultura sobre a produção de aves de capoeira sem uso de antibióticos, sobre suplementos alimentares e saúde dos animais para nos ajudar a esclarecer os factos. Eis o que pensam sobre algumas das perguntas mais frequentes.

1. É possível produzir aves sem uso de antibióticos?

Sim, é possível produzir aves sem usar qualquer tipo de antibiótico. No entanto, quando um animal adoece e precisa de um antibiótico, temos de fazer o que for necessário para manter os animais, os seres humanos e o nosso sistema alimentar seguros.

Segundo o Dr. Richard Murphy, diretor de investigação do Centro Europeu de Biociências da Alltech, em Dunboyne, na Irlanda, embora o uso de antibióticos na pecuária não possa e não deva parar completamente, devido às consequências graves para o bem-estar dos animais, estes medicamentos devem ser utilizados de forma criteriosa. Ele defende que o setor pecuário deve procurar eliminar por completo o uso de antibióticos promotores de crescimento (APC) e muitos países já introduziram políticas relativas aos APC devido a preocupações de resistência antimicrobiana. Na UE os APC são proibidos  desde 2003.

Kayla Price, gestora técnica de avicultura na Alltech Canadá, também concorda que o uso criterioso e a redução de antibióticos na produção de aves de capoeira veio para ficar.

«Acho que é muito importante quando estamos a começar a olhar para a saúde geral das aves que tenhamos uma abordagem holística», explicou. «Especificamente, temos que pensar no sistema intestinal (das aves) desde o ovo até à galinha».

Kayla Price sublinha que não existe uma solução milagrosa para eliminar totalmente o uso de antibióticos, mas a nutrição e a biossegurança são dois pontos-chave para garantir o sucesso.

Dulmelis Sandu, veterinário de aves da Alltech nos EUA, afirma que, como cuidadores dos animais que produzimos para alimentar o mundo, é necessário garantir que existem opções disponíveis para fazer o que é melhor para os animais em cada fase de produção — podendo ser necessário recorrer aos antibióticos.

«É nossa responsabilidade, enquanto indústria, fornecer as melhores práticas de gestão e de produção para evitar, ou pelo menos reduzir, a quantidade de antibióticos usados nos animais», afirmou Dulmelis Sandu. «Sobretudo devido às potenciais implicações relacionadas com o bem-estar dos animais, o impacto económico relacionado com o custo do uso de antibióticos e o reforço geral da saúde animal».

Existem muitas abordagens para reduzir ou eliminar o uso de antibióticos na produção de aves de capoeira. Uma abordagem preventiva, como a utilização de um programa baseado em suplementos alimentares, pode ajudar a reduzir os desafios quando não usamos antibióticos e ajudar na saúde e bem-estar dos animais a longo prazo.

2. O uso de antibióticos em animais afeta a resistência humana?

De acordo com a Academia Nacional de Medicina, «o uso de antibióticos nos animais resulta na propagação direta de bactérias resistentes aos antibióticos para os seres humanos». Especificamente,  a resistência antibiótica pode ser transferida entre bactérias, e estas bactérias podem ser transferidas entre pessoas, animais e o ambiente. Embora eliminar o uso de antibióticos na pecuária não pare a resistência por uso indevido dos antibióticos por parte do Homem, a nossa responsabilidade é reduzir ao máximo este risco. Independentemente da ligação entre a resistência e consumo de animais tratados com antibióticos, temos de nos concentrar em estratégias que minimizem o risco global de resistência.

A resistência antibiótica tem o potencial de se tornar um dos maiores desafios da nossa geração devido ao aumento crescente das estirpes bacterianas que são progressivamente menos sensíveis aos tratamentos existentes. Um inconveniente do uso de antibióticos são os seus efeitos não específicos no microbioma intestinal. Efetivamente, a sua utilização pode conduzir a uma redução global da diversidade da microflora intestinal, permitindo que as espécies de bactérias resistentes continuem a proliferar. Isto pode ter impactos negativos na saúde e no desempenho dos animais. Uma estratégia inclui a utilização de suplementos alimentares, como MRF (mannan-rich fractions) para repor a diversidade da microflora intestinal. Esta abordagem terá um valor prático significativo na produção comercial e também terá um impacto benéfico na saúde e no bem-estar dos consumidores.

3. Um animal tratado com antibióticos pode ser comercializado?

Sim, mesmo nas explorações pecuárias que procuram não usar antibióticos, se um animal estiver doente e precisar de tratamento antibiótico é separado dos restantes animais e pode continuar a ser comercializado. No entanto, é necessário um período de salvaguarda para garantir que não permaneçam vestígios do antibiótico na carne/ovos. Na produção de carne, uma ave que tenha sido tratada com antibióticos não volta a ser integrada no mesmo lote de animais e não pode ser rotulada como criada sem antibióticos.

Em conclusão, os antibióticos podem ajudar a manter a produção, o desempenho e a produtividade dos animais. Nos países que proibiram os antibióticos como promotor de crescimento na pecuária, devem ser exploradas outras alternativas para satisfazer a crescente procura de alimentos por parte da população. O aumento da biossegurança e a otimização da nutrição são duas áreas-chave. A nutrição é fundamental para garantir a saúde e produtividade animal. Para proteger os nossos animais e o nosso abastecimento alimentar, os produtores devem privilegiar uma estratégia nutricional que reforce a saúde e a imunidade intestinais.

 

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