Solos supressivos - A autoimunidade do terreno

2022-10-17

As novas técnicas científicas de análise dos solos agrícolas permitem obter informação em primeira mão sobre as características e a qualidade dos solos.

Desta forma, é possível saber desde o início se o solo reúne tanto os nutrientes como os compostos químicos naturais necessários para o  desenvolvimento  de uma boa colheita.  Além disso, também é possível detetar agentes patogénicos e elementos nocivos para as culturas, antes de realizar a plantação ou a sementeira, o que é muito útil para obter um bom rendimento económico da  colheita.

Tal como os seres vivos, o solo tem uma série de condicionantes que o tornam, mais ou menos, resistente a uma série de  agentes patogénicos prejudiciais às plantas. Por esta razão, é  conhecida a qualidade da resistência de alguns solos à  proliferação de pragas bacterianas, que poderiam destruir a colheita.  Estamos a falar de solos supressivos, terrenos agrícolas nos quais, apesar de existirem organismos tóxicos e nocivos para as plantas, estes não são capazes de se desenvolver e, portanto, a sua capacidade tóxica é neutralizada ou minorada.

O que são solos supressivos?

Um solo supressivo é aquele em que há uma série de condicionantes que impedem ou neutralizam o desenvolvimento de elementos estranhos e que é resistente à introdução de alterações. 

 O solo supressivo (que tem qualidades supressivas) é aquele no qual um agente patogénico não pode desenvolver uma doença prejudicial às raízes da planta ou é  neutralizado pelas características da composição do  solo.  Por princípio, este agente patogénico não encontrará um bioma ideal para o seu desenvolvimento, o que significa a sua morte ou a redução ao mínimo da sua capacidade destrutiva.

Em terrenos destinados a monocultura isto pode ser inicialmente propício a determinadas doenças que danificam as plantas.  No entanto, com o passar do tempo, ou após duas ou mais campanhas agrícolas, o agente patogénico perde força e deixa de ser uma ameaça para a cultura. 

Costuma-se dizer que este tipo de solo tem geralmente uma capacidade de homeostasia que o torna estável e resistente a certas mudanças.  Isto reflete-se, por vezes, na impossibilidade de um agente patogénico se estabelecer nesse bioma específico.  Além disso, pode suceder que as próprias qualidades de um solo supressivo eliminem certos agentes nocivos ao desenvolvimento das plantas.

Quando os resultados demostram que há uma doença de solo, mas  a  sua capacidade de desenvolvimento  é mínima ou simplesmente não tem capacidade agressiva, diz-se    que o "potencial da doença"  é mínimo.

Origem do solo supressivo

Apesar do explicado acima, alguns estudos realizados sobre a capacidade supressiva do solo, não descobriram quais são os componentes químicos ou bacteriológicos  que dotam o solo de supressividade (Bautista- Ruas, 2008). Esta capacidade seria "explicada" através de uma abordagem holística e sob a teoria da complexidade (Bautista-Calles, 2008).

Desta forma, a supressividade do solo é uma propriedade inerente à sua complexidade.   Isto significa que o fenómeno não pode ser explicado ou gerido realizando uma dissecação do bioma do solo para determinar quais são os seus componentes supressivos.  Embora se saiba que nenhum deles, por si só, pode explicar o comportamento supressivo.

Outras   investigações apontaram para o estudo de parâmetros como o pH, os compostos presentes no terreno, fenómenos antibióticos naturais por parte dos microrganismos pré-existentes ou ações semelhantes por parte da planta que é afetada por uma doença.

Inúmeras investigações, realizadas nos últimos tempos, focam-se na origem   biológica da doença em busca de algum agente neutralizante do agente patogénico biológico. Por outro lado, também existem estudos sobre o comportamento de certos elementos químicos presentes no solo e que poderiam torná-lo supressivo.

Surpreendentemente, o trabalho realizado em torno da supressividade demonstrou, como acima referido, que a introdução de determinadas plantas pode ajudar a consolidar a supressividade. Quando isto ocorre, chama-se "resistência induzida". A razão parece estar no contributo da rizosfera da planta.  É um processo muito semelhante à vacinação em humanos.

Resumidamente, pode dizer-se que   os solos supressivos são um fenómeno em que convergem uma série de fatores ou parâmetros ainda por conhecer.   Neste caso, a partir das investigações realizadas em diferentes solos, em todo o planeta, chegou-se a algumas conclusões.

A supressividade pode ser inerente ao próprio solo ou induzida pelo ser humano. Estudos sobre solos supressivos implicam uma visão holística que não exclui qualquer fator químico ou orgânico. Isto significa o estudo de cada um dos elementos depositados nas terras agrícolas  e  a sua interação.

Para concluir, podemos dizer que, de momento, parece haver  um  longo caminho a percorrer para chegar a  uma  resposta definitiva. Mas há iniciativas como Planet of Plenty da Alltech que o ajudam a  saber mais sobre esta qualidade dos solos e pode informar-se também através dos artigos no nosso site.

 

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